ARTHUR BLADE 2020 – TESE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

Freud, o Hospital Salpêtrière
e o que a História da Arte pode nos mostrar
sobre o caminho até a Psicanálise

TESE DE CONCLUSÃO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica – IBPC

ARTHUR BLADE

 

A arte não reproduz o invisível, torna visível.
Paul Klee

 

Introdução

 

Neste trabalho iremos abordar os registros iconográficos que nos permitem acompanhar o modo como as doenças mentais ou estados de alienação foram tratados desde a Idade Média até Freud, com o advento da Psicanálise.

 

Esta abordagem é relevante pois nos permite ver todo um conjunto de símbolos e modos de representação que vão além das palavras. Observar um quadro do século XV é como se você estivesse lá naquele momento. Dessa maneira, a possibilidade de entendimento das circunstâncias que geraram determinados eventos torna-se única, genuína, um conjunto de ideias em imagens estará entrando em contato com a mente do observador permitindo que a sua compreensão vá além.

 

O objetivo é percorrer os meios de tratamento ao longo da história até chegar à Psicanálise, com a cura pela fala. Apontando o caráter revolucionário de Freud ao abdicar de quaisquer meios externos para o tratamento, focando-se apenas e tão somente no diálogo e na análise.

 

Na primeira parte trabalharemos da Idade Média até aproximadamente o Barroco. Na segunda parte abordaremos principalmente a criação do Hospital Salpêtrière em 1656, um hospital emblemático não só por ser um dos maiores do mundo na sua época, mas porque será o hospital onde Freud conhecerá Jean Martin Charcot, que será o conteúdo da terceira parte.

 

Para a abordagem deste trabalho serão utilizadas tanto obras de arte (quadros, gravuras, afrescos e outros meios), como fotografia, que começava a ser utilizada em grande escala na época de Freud.

 

 

 

1. Leprosos e loucos

 

Ao longo da história, os atos de segregação, exclusão e confinamento foram se fazendo sobre os pobres, doentes, os diferentes, as minorias e todo tipo de indivíduo com comportamento que se mostrasse estranho ou diferente da “normalidade” que cada época e sociedade tomou para si por definição ou que tolerou dentro de seu meio.

Durante a Idade Média, o meio para se livrar da lepra foi confinando os doentes em leprosários que se espalharam por toda a Europa em número assustador, chegando a 19.000. Assim, o confinamento se alastra como meio da medicina chegar à cura. A doença era tida como resultado do pecado, assim os párias da sociedade e incontáveis outras doenças tinham por processo de eliminação, a segregação em leprosários, obtendo uma ótima aceitação por grande parte da sociedade.

 

Pieter Bruegel, o Velho (1525? – 1569) – O CENSO EM BELÉMBRUEGHEL -

 

Nesta cena pintada por Brueghel, podemos ver uma grande quantidade de pessoas em seus afazeres, trabalhos e diversões. Na região central do quadro, um pouco para a direita encontramos uma pequena cabana, destinada a um leproso, separada de todos e com uma cruz em cima, significando assim que era mantida pela igreja. A doença era considerada expiação pelos pecados, a segregação se tornou uma maneira de, assim, se chegar à salvação.

 

Pieter Bruegel, o Velho (1525? – 1569) – A LUTA ENTRE CARNAVAL E QUARESMA

BrueghelViejo_final

 

Nesta cena há um grupo de leprosos, um deles com as pernas deformadas, viradas para trás, pode ser em função da poliomielite, assim, várias doenças eram incluídas ao quadro de lepra e os indivíduos segregados.

 

artro Grupo de tullidos (Pieter Bruegel el Viejo, La batalla entre Carnaval y Cuaresma, 1559)

 

Com essa segregação e o término das Cruzadas no final da Idade Média, cessando também a contaminação devido ao contato com o oriente, a lepra desaparece, os doentes foram diminuindo até chegar a um número insignificante.

 

A doença da lepra desaparece mas as estruturas subsistirão. Os leprosários então passarão a ser abrigo para os loucos. Mas antes destes se instalarem, muitas décadas ainda seguirão. Antes deles, um novo tipo de indivíduo, aquele com sífilis irá para os leprosários. Mas os que tem sífilis vão se estabelecer como doentes para serem tratados, uma longa série de tipos de tratamento será posta à prova. Os loucos, neste momento de término da Idade Média e início da Renascença, têm outros destinos dentro das comunidades e cidades.

 

O louco, insano, o “cabeça alienada”, ou simplesmente alienados, sofrem cirurgias na cabeça para lhes tirar de dentro a Pedra da Loucura. A iconografia para este tipo de procedimento é muito vasta, abaixo seguem alguns quadros mostrando esse processo.

 

Pieter Bruegel, o Velho (1525? – 1569) – RETIRADA DA PEDRA DA LOUCURAbruegel_pedra_da_loucura-1

*

David Teniers (Antuérpia 1610 — Bruxelas 1690) – 1670

David Teniers, A Extração da Pedra da Loucura, 1670

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Hieronymus Bosch (1475-1480) – RETIRADA DA PEDRA DA LOUCURAHieronymus_Bosch_053

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Jan Sanders Hemessen (c. 1500 – c. 1566) – 1555jansandershemessen_stone-1555

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Pieter Huys (1519 – 1584) – TREPANAÇÃO

V0017593 A surgeon extracting the stone of folly. Oil painting by Pie Credit: Wellcome Library, London. Wellcome Images images@wellcome.ac.uk http://images.wellcome.ac.uk A surgeon extracting the stone of folly. Oil painting by Pieter Huys. By: Pieter HuysPublished: - Copyrighted work available under Creative Commons by-nc 2.0 UK, see http://images.wellcome.ac.uk/indexplus/page/Prices.html

 

Esse procedimento cirúrgico para retirar a Pedra da Loucura é conhecido por Trepanação, trata-se de um processo realizado desde a era Mesolítica, achados arqueológicos atestam esse ato feito com ferramentas de pedra rudimentares, provavelmente com objetivos ritualísticos ou espirituais. Hipócrates (460-370 a.C, considerado o “pai da medicina”) relata a sua utilização em casos de lesões cranianas por ferimentos de guerra. Durante a Idade Média esse procedimento era feito acreditando-se que, assim, a loucura “escapasse” da cabeça.

 

Todavia, os loucos, nesse período, também tinham outros destinos. Muitas vezes eram colocados em navios, as autoridades da cidade pagavam para aos navegadores para levarem dali os loucos que habitavam as ruas e praças. Um processo de limpeza que era feito visando a normalidade de volta às ruas, sem os riscos que essas pessoas acarretavam aos outros moradores. Isso era feito muitas vezes tendo em vista uma outra prerrogativa, dizia-se que eles eram levados em peregrinação para encontrem a cura em outras cidades, cujas igrejas eram motivos de milagres por terem relíquias de santos ou mesmo de Cristo. Dessa maneira eles realizavam uma peregrinação em busca da razão perdida. Só que, no meio do caminho, os navegadores os “perdiam”. Dessa maneira, havia barcos que percorriam os rios agregando loucos e outros párias para uma falsa peregrinação. Muitos são os exemplos iconográficos.

 

Hieronymus Bosch (1475-1480)
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Esses quadros não se limitavam a narrar um acontecimento da época, eram verdadeiras críticas às autoridades da época. No quadro anterior, freiras e padres são colocados como loucos ou em situações onde cometem pecados.

 

Em 1494, na cidade de Bergmann, Alemanha, é publicado um poema chamado Das Narrenschiff, A Nau dos Insensatos, de Sebastian Brant (1458 – 1521), onde um grupo de loucos ruma ao Paraíso dos Tolos, um lugar chamado Narragonia ( “Narr” em alemão significa louco). Brant expõe com habilidade os vícios e problemas de sua época. O pintor Albrecht Dürer (1471 – 1528) fará muitas gravuras narrando os acontecimentos desses versos de Brant.

 

 

01 Stultifera Navis (A Nave dos Loucos), de Sebastian Brant. 1494.

 

Sebastian Brant, Narrenschiff, 1499

 

A figura do louco na Idade Média também está associada à figura do filho que abandona a família e depois retorna como filho pródigo, está também ligada à figura do vagabundo errante, dos que não se enquadram nas atividades da sociedade. Essa figura é muito retratada de maneira simbólica nos baralhos de Tarô, cujas origens remontam à Idade Média.

 

 

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Hieronymus Bosch (1475-1480) – O Peregrino

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Também não se pode deixar de relatar a relação do louco com a figura do bobo da corte e dos bufões, atores nas representações medievais de autos e peças improvisadas sobre carroças ou palcos móveis nas ruas ou praças por onde passavam.

 

 

Três Loucos
brincando entre si

Gravura de
P. Brueghel (1642)

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*

Bufão ou Bobo

Gravura de
J.A.Beauce et Rouget.

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Enfim, peregrinos, loucos, andarilhos, alienados, atores, bobos da corte, bufões, filhos pródigos, vagabundos, eremitas, todos eles dentro de uma imagem de indivíduo à margem da sociedade.

 

 

 

2. Loucos, histéricas, prostitutas e toda a gentalha pobre de Paris

 

 

Os leprosários acabam por deixar de ter sua função pois a lepra é praticamente erradicada. Todavia, passam a ser ocupados pelos que possuem sífilis, as doenças venéreas assolam a Europa, e chegam a provocar medo nos próprios leprosos que tentam reivindicar os leprosários apenas para si. Mas em vão, os doentes se instalam e procura por cura são iniciadas, vários métodos são utilizados. Os leprosários vão se tornando hospitais gerais, para lá são levados todo tipo de gente, doentes curáveis e incuráveis, loucos, histéricas, epiléticos e soldados feridos em guerra. Torna-se um lugar também com celas, tanto para loucos como para ladrões, tanto para prostitutas como para histéricas, tanto para sifilíticos como para ladrões. Hospital, prisão, asilo, reformatório, nomes diferentes para um mesmo lugar.

Alguns pintores se aventuraram a percorrer esses recintos em busca de inspiração ou maneira de mostrar a simples realidade, em busca de algo que se mostrava distante mas ao mesmo tempo escondido próximo, sob o tapete de todos os salões das altas sociedades, uma realidade a ser escondida.

 

 

Francisco José de Goya y Lucientes (1746 – 1828) – Manicômio

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Francisco José de Goya y Lucientes (1746 – 1828) – Prisão

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E os pintores não se limitavam a apenas retratar, iam além, denunciando atos bárbaros cometidos contra as mulheres. Em meio a um momento onde a Inquisição assumiu-se absolutamente poderosa, mulheres acometidas de algum distúrbio, algum sintoma histérico, eram sumamente levadas para a prisão ou acusadas de bruxaria e mortas na fogueira. Goya (Espanha) denuncia esse tipo de evento na gravura que segue, onde uma mulher é simplesmente levada embora no meio da noite, suspeita de feitiçaria, julgamentos sumários.

 

 

 

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Ou então denunciando como os loucos eram tratados como segue abaixo na gravura.

 

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Em Paris, no ano de 1656, tem início aquela que seria apenas uma reforma administrativa, uma reorganização entre vários estabelecimentos, mas que se mostrou como o ápice de um tratamento absolutamente desumano impingido à milhares de pessoas. Nesse ano é fundado o Hospital Geral de Paris.

 

Conhecido como Hospital de Salpêtrière (originalmente era uma fábrica de pólvora, salitre em francês = salpêtre), o diretor era nomeado por toda a vida e tinha poderes absolutos, tanto interna como externamente, em toda a cidade de Paris. O diretor detinha um poder semi-jurídico, ele podia decidir, julgar e executar. No hospital os diretores dispunham de celas, postes com correntes, prisões, sua soberania era quase absoluta, suas sentenças inapeláveis, o Hospital Salpêtrière era tudo, menos um estabelecimento médico. Ficou conhecido pela sua enorme população de ratos e pelas condições miseráveis em que seus reclusos eram mantidos. Todos os não desejados eram para lá enviados como mostra o quadro abaixo de Étienne Jeaurat (1699 – 1789) e onde uma carroça com prostitutas adentra os portões do hospital. O quadro se chama : Conduzindo as Filhas da Alegria ao Salpêtrière.

 

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Durante a Revolução Francesa se tornou o maior hospital do mundo, abrigando uma quantia absurda de 10.000 pacientes. Por ocasião dos Massacres de Setembro de 1792, o hospital foi invadido por uma multidão de pobres com a intenção de libertar prostitutas, mas em meio ao descontrole, 35 mulheres foram assassinadas.

Abaixo está uma gravura anônima do Hospital Salpêtrière à época da Revolução Francesa.

 

 

hospital

 

 

O diretor que revolucionou o tratamento com os pacientes e iniciou um movimento de humanização jamais visto no Salpêtriére, foi Philippe Pinel (1745-1826), um dos precursores da psiquiatria moderna. Responsável por separar os doentes dos criminosos e libertá-los das correntes, Pinel baniu tratamentos antigos como sangrias, vômitos induzidos, purgações, substituindo-os por tratamento digno e de respeito que incluía terapias ocupacionais.

 

 

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O momento em que Pinel começa a executar essas ações está imortalizado em quadros como os que seguem, onde o mostram no instante em que dá ordens de libertação para os pacientes e estes o agradecem.

 

 

Charles Louis Müller (1815 – 1892)

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Tony Robert-Fleury (1837 – 1912)

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Philippe Pinel será o primeiro a separar os doentes por tipo de “alienação mental”, ou seja, por tipo de desvio ou causa, assim as patologias começam a ser identificadas e estudadas, começa-se a ter mais objetividade científica, a loucura passa a ser objeto de estudo para a psiquiatria. Nesse instante os pintores passam a auxiliar os médicos como veremos a seguir.

 

 

Outros diretores continuaram o processo iniciado por Philippe Pinel, um dos médicos mais notáveis que passou pelo Hospital de Salpêtrière foi Étienne-Jean Georget (1795-1828), ele solicitou ao pintor Théodore Géricault (1791 – 1824, famoso pelo monumental quadro A Balsa do Medusa) que retratasse vários de seus pacientes acometidos de diferentes tipos de alienação para poder estudá-los em seus múltiplos aspectos. Théodore Géricault realizou 10 retratos, dos quais chegaram até nós apenas cinco, mas que representam a grandeza e a habilidade do pintor em registrar as expressivas fisionomias dos pacientes.

 

 

Alienada
monomaníaca
pela inveja.

the-madwoman-or-the-obsession-of-envy-1822

 

Alienado
monomaníaco
Ladrão
de crianças.

Le_Monomane_du_vol_d'enfants_(Gericault,_1822-1823)

Alienada
monomaníaca
Jogadora
compulsiva.

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Alienado

monomaníaco
pela Glória Militar

the-insane-1823

Alienado
monomaníaco
cleptomaníaco

portrait-of-a-kleptomaniac

 

 

A busca por melhores tratamentos e condições aos pacientes prosseguiu e outros pintores foram chamados para registrar diferentes tipos de sintomas. Na litogravura a seguir, de 1857, podemos ver personificações de conceitos relativos à época como demência, megalomania, mania aguda, melancolia, idiotia, alucinação, erotomania, e paralisia nos jardins do Hospital Salpêtrière.

 

Amand Gautier (1825-1894)

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Obviamente que as melhoras nos tratos com os pacientes se fizeram presentes, todavia, muitos tratamentos e procedimentos ainda eram completamente danosos e se configuram hoje mais como tortura do que como uma possibilidade de cura. Eram usados métodos como: Lobotomia, Hidroterapia, Eletrochoque, Cadeira Giratória e muitos outros que não cabem neste estudo serem detalhados.

 

Um outro médico muito famoso que passou pelo Hospital Salpêtrière foi Jean-Martin Charcot (1825-1893). E é nesse ponto de nosso estudo que chegamos em Sigmund Freud.

 

 

 

3. Freud chega ao Salpêtrière

 

Abaixo está uma foto do Hospital Salpêtrière na época em que Freud esteve como assistente regular de Jean Martin Charcot.

 

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Jean-Martin Charcot (1825-1893)

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Antes de prosseguirmos, peço ao leitor que observe em detalhe a foto que segue abaixo:

 

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Trata-se de uma foto atual da casa em que Freud viveu na Inglaterra em seu último ano de vida. Com a anexação da Áustria à Alemanha nazista, a proximidade da Segunda Guerra Mundial, Freud finalmente deixa Viena em 1938 e refugia-se em Londres onde, em 1939, falece de um câncer que o consumia há muitos anos.

 

A casa de Freud em Londres se tornou um museu e manteve os mesmos móveis e objetos de quando ele ainda residia no edifício. Podemos notar o divã, a cadeira em que sentava para escutar seus pacientes, algumas estátuas, antiguidades que ele colecionava, tudo na arrumação original que ele mesmo procedeu quando se instalou na casa.

 

Pois bem, agora que observamos este aposento, o quarto onde ele clinicava, sigamos adiante.

 

 

O período que Freud passa em Paris, como assistente de Jean Martin Charcot é fundamental para todo o desenrolar de seus estudos e futuro desenvolvimento e criação da Psicanálise. Com Charcot ele aprende como a hipnose pode ser utilizada para auxiliar no tratamento das mulheres histéricas.

 

Quando não havia o advento da fotografia em larga escala, era muito comum os pintores serem chamados para fazerem retratos. Muitas vezes, devido ao fato de serem muito caros, pedia-se ao pintor que retratasse um conjunto de pessoas juntas. Isso muitas vezes acontecia com corporações de ofício , grupos de determinadas profissões ou retratos de uma família inteira.

 

Abaixo seguem alguns quadros famosos onde se retratou um grupo de médicos no momento de uma aula de dissecação. Este primeiro chama-se Lição de Anatomia do Dr. Willem van der Meer (1617) de Michiel Jansz van Mierevelt. Cada um dos integrantes do quadro é um profissional da vida real retratado pelo pintor.

 

 

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Outro quadro muito famoso com o mesmo tema é A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, pintado por Rembrandt (1606 — 1669). Neste quadro ainda temos alguns detalhes a mais, o papel que o médico (atrás e ao centro) está segurando, contém uma lista numerada com o nome de cada uma das pessoas que integram o quadro. Ao lado de cada um dos médicos também está pintado um pequeno número que corresponde ao nome na lista.

 

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The anatomy lesson of Dr Nicolaes Tulp, by Rembrandt van Rijn

 

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E como não poderia deixar de ser, temos um quadro do pintor Pierre Aristide André Brouillet (1857 –1914) cujo título é : A Lição Clínica no Salpêtrière. Onde aparece a figura de Jean Martin Charcot fazendo uma demonstração de hipnose em uma paciente de nome Marie “Blanche” Wittmann, famosa por ser muito sugestionável sob hipnose. Freud presenciou essas sessões que eram um grande sucesso entre todos os médicos que assistiam.

 

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Neste quadro, cada um dos que estão presentes é um médico verdadeiro e, muitos deles, possivelmente tiveram contato com Freud, na idade de 29 anos.

 

 

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E agora voltemos à foto do escritório de Freud em Londres. Acima do divã está uma litografia de Eugene Louis Pirodon reproduzindo o quadro de André Brouillet. Freud manteve essa litografia em Viena desde 1886 até 1938, quando então se exilou em Londres e lá a colocou na parede sobre o divã. O que demonstra o enorme respeito por Jean Martin Charcot e a importância desse período que passou no Hospital Salpêtrière.

 

 

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Abaixo está a litografia.

 

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Mas as possibilidades de estudo desta obra não se limitam a observarmos os nomes de cada um dos médicos, da importância de Charcot e da hipnose para a psicanálise.

Vamos observar mais um detalhe neste quadro, vejam que no fundo da sala, ao lado esquerdo, está um cavalete onde um quadro está dependurado, e nele há um desenho feito a carvão e giz branco. Vamos ampliar para vermos melhor.

 

 

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Ainda um pouco mais ampliado observando-se à esquerda.

 

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Trata-se de um desenho de 1878 feito pelo anatomista e artista médico Paul Richer. Estes traços a carvão representam um homem tendo uma convulsão e ficando com o corpo completamente arqueado. No quadro o anatomista está ao lado de Charcot, sentado à mesa e desenhando. Este seu desenho foi feito a partir de sua própria experiência com um paciente ou observando uma foto feita nos jardins do Hospital Salpêtrière. Todavia, a foto também pode ser vista como uma tentativa de reproduzir o desenho de Paul Richer, uma vez que os braços estão em outra posição. Veja abaixo:

 

 

Paul Richer – junto à mesa e desenhando

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Foto do paciente na mesma posição

 

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Freud deixa o Hospital de Salpêtriere com a consciência mudada, Charcot havia mostrado que a histeria não se tratava nem de imaginação ou teatralização, como muito se pensava na época, também não se tratava de algo ligado ao útero, como se acreditava até então e, na verdade, desde Hipócrates. Também deixa Paris com a ideia de que a hipnose pode remover ou modificar os sintomas histéricos. Ele retorna a Viena e persevera no uso da hipnose, todavia, ao não conseguir hipnotizar certos pacientes, empreende sua maior jornada através da mente humana perscrutando caminhos jamais trilhados até chegar ao Inconsciente, aos sonhos, aos mais profundos desejos do ser humano.

 

 

Conclusão

 

Ao percorrermos esse longo caminho de exclusão, segregação e preconceito daqueles que padeceram de problemas mentais ou de doenças fora do alcance de cura em determinadas épocas, ao percorremos esse tão tortuoso trajeto na busca de meios, métodos e possibilidades de cura para aquilo que desconhecemos, vemos em Sigmund Freud uma mente incansável na busca pela verdade, na busca pela cura, na busca pelo que acredita, mesmo quando todos estão contra.

 

Freud persevera em buscar o conhecimento onde todos se negam a ver, e persevera ainda mais ao não se negar a mostrar o que descobriu da maneira mais clara possível e do modo que acha mais adequado.

 

Tudo isso simplesmente utilizando a conversa, o diálogo.

 

Freud não foi revolucionário apenas em promover a cura de seus pacientes e em criar um método, a Psicanálise, para que muitos outros também possam se valer de seus conhecimentos para ajudar mais pessoas que precisam de cuidados. Freud promoveu um movimento de possibilidade de autoconhecimento para todas as pessoas, mesmo aquelas que não estão enfermas ou com sintomas visíveis.

 

Freud lançou suas ideias e elas, com vida própria, se alastraram por todo o planeta.
Cabe agora a nós, termos a coragem, a partir do caminho que ele nos apontou, de nos aprofundarmos no mais íntimo de nosso ser para, finalmente, nos encontrarmos.

 

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Comentários sobre a tese:

 

 

1

São Paulo, Campinas, 09 de maio de 2020.

 

 

Prezado Arthur Blade,

 

 

Você está penetrando o mundo da Psicanálise, está fazendo isto por imagens, artistas que através dos tempos retrataram o homem de uma forma mais profunda. Num mundo dominado pela tecnologia, onde a racionalidade e a inteligência artificial deseja ou pretende substituir o humano, você trás uma história através do sonho, da arte.

 

 

Bela entrada na Psicanálise, ao invés de se manter aprisionado em teorias, parte para as emoções e sentimentos. Seu trabalho é um flutuar em nuvens que trazem  mais verdades que a linguagem não poética quer reproduzir. Qual é o verdadeiro humano que se esconde atrás do perceptível?

 

 

Conseguimos flutuar numa verdade maior através dos artistas que você, com suas pinturas, aponta.

 

 

Boa sorte no novo caminho, onde mais que a verdade aparente, está o encoberto que nos conduz muito mais que imaginamos.

 

 

Um trabalho belíssimo!

 

Assinado:

Patrícia e Isac Germano Karniol

SBPSP (Psicanalistas da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo)

 

 

 

2

São Paulo, 17 de maio de 2020.

 

Arthur,

Sua tese é uma obra prima!

Estética impecável e cativante do início ao fim!

Parabéns!

 

Assinado:

Marcelo Hanftwurzel

Psicanalista

 

 

3

São Paulo, 18 de maio de 2020.

 

 

Boa tarde, Arthur!

 

Grato por nos mandar o link!

Muito bem!

Parabéns pela tese!!!!

 

Assinado :

Olívio Guedes

Doutor em História da Arte pela Universidade de São Paulo

Bibliófilo

Colecionador de Arte

Curador

Galerista

Diretor da Slaviero e Guedes Galeria

Físico pela Universidade de São Paulo

 

 

 

4

Uberlândia, 15 de maio de 2020.

 

Parabéns, Arthur!

 

Gostei da sua tese de conclusão em psicanálise que se remete através da iconografia da arte visual à história dos caminhos evolutivos do conceito de doença e da formação do espírito de cura.

 

Para mim ,como médico e apreciador das artes plásticas foi um agregador de conhecimento o esmiuçar dos quadros, particularmente o de Brouillet, que mostra a aula de Charcot, onde pude reconhecer dois médicos que marcaram presença na história da medicina: o neurologista Babinski, filho de diplomata francês, que serviu em Lima no Peru, e que descreveu o famoso sinal neurológico que leva seu nome, e Bourneville que descreveu a síndrome que leva seu nome, a esclerose tuberosa, caracterizada por epilepsia, retardo mental e lesões cutâneas, mostrando que, inicialmente, se confundia alterações mentais com orgânicas.

 

Ainda notável é o registro histórico que a pintura e a fotografia, como aliás você salientou são testemunhos fiéis à construção da própria História que você tão bem apresentou desde Bruegel até o aparecimento de Freud, indiscutivelmente o divisor de águas entre corpo e mente que persiste até o momento. Observe que até recentemente, quando ainda assinava a Folha de São Paulo, não havia um só domingo em que o nome de Freud não aparecia na Ilustrada.Tão importante também por ter sido mestre de outras celebridades como Jung.

 

Ainda como médico devo apenas acrescentar que a palavra lepra abarcava inúmeras doenças, notadamente cutâneas, incluindo o que hoje verdadeiramente a representa, que é a hanseníase, e que ainda não foi erradicada no mundo e que o Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número de casos perdendo apenas para a Índia.

 

Novamente o parabenizo e estimo que você prossiga com sucesso nessa nova jornada ao lado das artes plásticas cujo dom herdou do seu lado paterno.

 

Assinado:

José Joaquim Rodrigues

Médico

 

 

 

5

São Paulo, 11 de maio de 2020.

 

Caro Professor Arthur Blade,

 

É uma alegria escrever-lhe esta simples carta, com a qual pretendo, eu que não sou entendido de nada além de escrever poesia, tão somente expressar a minha alegria ao ler a sua interessantíssima tese sobre a Psicanálise.

 

Sabe que vejo aqui no seu texto um tanto de poesia?

 

Ou talvez seja loucura minha?

 

Sei bem, pelo pouco que o conheço, o grande profissionalismo e o prazer com os quais você se envolve pelos diversificados caminhos das artes, especialmente das artes cênicas, e admiro o belíssimo trabalho que você desenvolve com os alunos nessa área.

 

Você também já me mostrou que a sua frequente atuação nas questões culturais não se restringe ao teatro que tanto ama. No entanto, me surpreendi muito positivamente ao receber esta sua belíssima tese acerca da Psicanálise.

 

Li e reli com muito interesse as abordagens sobre a loucura e os seus desdobramentos desde tempos bem remotos, e me encantei com as referências às pinturas e aos seus artistas para enriquecer a já maravilhosa matéria. Seu trabalho é um achado histórico sobre o homem e o seu comportamento através dos tempos. E devo salientar que você atraiu ainda mais a minha curiosidade ao se enveredar pelo intrincado campo da loucura humana. A loucura me atrai de uma maneira suprema, talvez pelo medo ou pela curiosidade de tornar-me de repente mais insano do que já me considero. Imagino que o ser humano caído no abismo da insanidade deve se sentir ou ficar de certa forma livre das ações mundanas às quais nos prendemos e que tanto e inutilmente valorizamos. Penso firmemente que algumas boas doses de loucura tem o poder de nos livrar das dores do corpo e especialmente do sofrimento da alma. O mundo está repleto de maldade e se a loucura total e irreversível fosse facultativa para o covarde conseguir a desmemória, a dor da carne, se ainda a houvesse, seria irrelevante. Afinal, vivemos como zumbis nesta Terra tão desajustada pelas ações do homem, e a amizade entre a lucidez e a loucura é tão íntima que quando menos esperamos elas se abraçam.

 

Desejo-lhe sorte neste novo caminho que você começa a trilhar, certo de que competência e vontade não lhe faltam. Que você aprenda e ganhe muito no campo da Psicanálise. E compartilhe os seus conhecimentos e as suas descobertas conosco, seus leitores, alunos e admiradores.

Obrigado por me confiar o seu trabalho.

 

Um abraço! 

 

 

Assinado:

Remisson Aniceto.

Escritor

 

 

 

6

Campinas, 12 de maio de 2020.

 

Professor Arthur,

 

Parabéns pelo belíssimo trabalho.

 

Que honra poder ler um trabalho tão primoroso e com imagens de obras de alguns artistas que tivemos o privilégio de ver pessoalmente.

 

Foi uma viagem linda dentro da sua tese.

 

Que maravilha os artistas dos séculos passados, representavam a vida cotidiana através da arte!

 

Sou admiradora das ideias de Freud, gosto muito das frases que lançava : “Antes de você se diagnosticar com depressão ou baixa autoestima, primeiro tenha certeza de que você não está, de fato, cercado por idiotas.”

 

Grande abraço!

 

Assinado:

Eva Cristina Marra de Andrade

Colecionadora de Arte

 

 

 

 

7

Campinas, 13 de maio de 2020.

 

Para Arthur Blade

 

Que aula magnífica vivenciei através da tese do Arthur Blade. Pude viajar através do tempo e da história da psicanálise usando a arte e todos os seus métodos como ferramenta essencial para esse percurso.

 

A forma simples, direta e objetiva como a tese é abordada, permite você mergulhar de cabeça nessa linha do tempo de extrema importância para a evolução humana. Onde mostra, com muita clareza, todos os métodos de tratamento até chegar á psicanálise.

 

 

Blade consegue ter uma percepção clara e ampla dos detalhes que revolucionaram a visão de Freud através dos ricos meandros da linha do tempo abordada na tese.

 

Esse estudo abre a minha cabeça para algo além do ser “artista”…

 

Assinado:

Sandro Del Pires

Artista Plástico

 

 

 

8

São Paulo, 13 de maio de 2020.

 

Querido Arthur!

 

Parabéns, que tese !!!

 

Impressionante como você, através de cada quadro e gravura, conseguiu descrever os fatos! Deve ter dado um enorme trabalho, mas valeu a pena!

 

Parabéns, ficou excelente!

 

Assinado:

Cristina Nieto

Administradora de Empresa

 

 

9

Campinas. 17 de maio de 2020.

 

Caro Professor Arthur!

 

Parabéns pela sua tese!

 

Sua revisão perfeita sobre o tema, desde a Idade Média até os estudos e tratamentos iniciados por Freud, foi muito elucidativa e belíssima, toda ilustrada com arte e, principalmente, com arte da melhor qualidade.

 

Sua pesquisa deve ter sido bastante trabalhosa, seu senso de observação é muito acurado e a seleção das ilustrações usadas no texto é perfeita, objetiva e de muito bom gosto.

 

Fiquei encantado com seu trabalho e vou compartilhá-lo com algumas pessoas de sua nova área de atuação, desejando-lhe também enorme sucesso.

 

Um grande abraço!

 

 

Assinado:

Julio Soares de Arruda Neto

Colecionador de Arte

 

 

 

 

10

Campinas, 19 de maio de 2020.

 

 

Arthur, quanta satisfação me trouxe a leitura de sua tese.

 

Que talento para fazer o leitor mergulhar profundamente sem qualquer efeito da pressão.

 

Parabéns pela obra prima tão deliciosa quanto pedagógica.

 

Assinado :

Criton Mello

Policial Federal

 

 

11

São Paulo, 21 de maio de 2020

 

 

Bom dia, Arthur!

 

Achei fantástica sua ideia de lincar imagens (ricas) a sua tese para justificar

 

o início da Psicanálise, jamais imaginei algo desse tipo. Sempre temos tantas

 

coisas escritas… cansativas.

 

Parabéns e sucesso na sua explanação.

 

Tenho certeza que será nota 1000.

 

Um abraço

 

Assinado :

Nilza Ricciardi

Diretora Pedagógica da Escola Morumbi Alphaville

 

 

12

São Paulo, 22 de maio de 2020.

 

Prezado Arthur!

 

Obrigado pela honra de poder desfrutar da leitura de sua Tese de Psicanálise através da Arte, donde conheci você nas aulas de História da Arte na Livraria Cultura. Sua tese é um trabalho impecável, não canso de ler.

 

Meus parabéns pela forma fantástica que você consegue plasmar os períodos da história com o tema relacionado à mentes, doentes, loucura, doenças, e torná-los visíveis através da Arte, realmente extraordinário.

 

Um passeio pela história, mente, loucura, genialidade, pintura, uma aula de vida!

 

Muitos sucessos nesta nova etapa!

 

Assinado:

Dina Kogan

 

 

13

São Paulo, 24 de maio de 2020.

 

 

Arthur,

 

mas você é bom em tudo o que faz !

 

Primeiramente fiquei muito curiosa com o título da sua tese. Sua escrita é tão agradável que não nos deixa parar a leitura. Enquanto lia o texto, a cada pintura, aproveitei para fazer um zoom para poder observar melhor os pequenos detalhes. Pinturas estas que na sua grande maioria eu não conhecia.

 

E também, nunca li nenhum texto como este. A curiosidade não me permitia parar de ler. E eu me perguntava: “onde ele encontrou essas obras ?”. O texto nos faz querer saber mais sobre épocas passadas.

 

Essas obras escolhidas encaixam completamente com o texto e nos fazem querer olhar, admirar, procurar por detalhes, e relacioná-las com a história. Ficou tudo muito bom !

 

Foi uma honra receber sua tese para leitura e apreciação. Li mais de uma vez, confesso.

 

Desejar sucesso para você na psicanálise ?  Mas você já é um sucesso ! Tenho certeza que você terá um caminho brilhante, seja na psicanálise ou em qualquer outra escolha.

 

Um forte abraço,

 

 

 

Assinado:

Claudia Abe

Arteterapeuta e Farmacêutica

 

 

14

São Paulo, 28 de junho de 2020.

 

 

Querido Arthur,

 

 

                Em primeiro lugar, desculpe-me por ter demorado tanto (contra minha vontade) a ler seu belíssimo trabalho. Eu sabia que precisaria de tempo – e de fôlego – para nele me debruçar. Finalmente, depois de encerradas minhas atividades que, você sabe, são exigentes – afinal adolescentes requerem muito fôlego também –  presenteei-me com uma tarde somente para mim e seus escritos.

 

 

                Eu tinha razão: precisei de fôlego. E muito. Assim que comecei a ler, lembrei-me dos tempos de faculdade (lá se vão mais de três décadas) e remontei rapidamente na memória alguns itens bibliográficos. O primeiro dele, claro, Foucault e “a loucura” por ele tão profundamente estudada. Além dele, e conforme você já apresenta na introdução de sua tese, aprece todo o olhar arguto de Freud. Não preciso dizer mais nada a respeito de meu mergulho.

 

 

                Saboreei em goles longos o conteúdo dessa ideia excelente: associar a Arte e sua historicidade e presentificação ao (talvez) mais enigmático comportamento humano frente à sociedade: o desvio, o comportamento outsider, a loucura…

 

 

                Só tenho a agradecer por essa oportunidade. Como professora de jovens, preciso sempre aquinhoar conhecimento vasto, advindo de fontes seguras e recheadas de informações e – sim – leveza. Seu trabalho tem tudo isso: é informativo, é reflexivo, é quase interativo. Se você aguçar bem os ouvidos, poderá escutar a quilômetros de distância as várias ocorrências de “OH” que brotam da leitura atenta deste seu bonito trabalho.

 

 

                Sempre achei que Arte cabe em todo lugar. Nunca associei a realidade artística a limitadas paredes fechadas a cadeados, liberadas em horário comercial, quando se abrem os museus ou quando se fecham suas portas. A arte não está. Ela é. Assim, ela pode ser associada a tudo, principalmente ao mais profundo do humano. Assim se me apresenta a obra de Machado de Assis, por exemplo. O “quadro” que ele nos revela em várias de suas produções se avizinha muito dessa sua análise. Logicamente não me refiro à temática abordada brilhantemente neste trabalho, mas à tentativa de invadir os porões da (sub? in?)consciência humana para de lá trazer pistas da configuração da alma deste ou daquele personagem. Geralmente, ele fazia questão de abordar a loucura, essa do cotidiano, das pequenas e grandes manias, do comportamento dissociado da “normalidade”. E nem sempre essa “loucura” leva o personagem a uma masmorra ou algo que o valha.  Por isso, meu amigo, não consegui me desprender da leitura com que você me presenteou.

 

 

                Repetirei o jargão mais que repisado: “A arte não está, ela é.”. E assim sendo, sua presença é fundamental para revelar a compreensão, a crítica, a reflexão de tudo que permeia a existência humana. E, por que não dizer, tudo que traz à tona as múltiplas “loucuras” que nos compõem desde tempos longínquos.  Mais uma vez, obrigada. Quadros (estes, agora,  pictóricos) colocam diante de nosso olhar aquilo que queremos ou não enxergar. Assim o faz a Arte, em qualquer instância, mas não é isso também o que faz a Psicanálise? Não é o que nos oferece: um espelho (distorcido ou não) para que nos vejamos e enxerguemos o eu, por vezes incômodo, ou o outro, ainda que em nós?

 

 

                Parabéns pelo trabalho, pela pertinência do tema, pela delicadeza de dividir com pares seu árduo trabalho de pesquisa e de autoria. A temática da loucura é sempre atual. A da arte, atemporal. Ou seja, você acertou em cheio, a meu ver.            

 

 

Parabéns, meu amigo! Trace seu caminho nessa pegada de Arte(s), que você tão bem domina e, ainda bem, por ela(s) é dominado. Meu respeito, Arthur.      

 

 

 

Assinado:

Maria Aparecida da Silva

Professora de Literatura e Português

 

 

 

15

São Paulo, 19 de julho de 2020.

 

Bom dia, Arthur!

 

 

Gostei imensamente do seu trabalho de conclusão da Formação em Psicanálise. Você conseguiu, de maneira criativa e brilhante, revisitar a Arte e como se deu o tema da Loucura desde a Idade Média até o início da Psicanálise.

A forma interativa com que projetou este trabalho, possibilitou ao leitor uma aula viva!

 

Gostei tanto que, ao final, fiquei querendo uma continuação do movimento psicanalítico!

 

Parabéns!!!

 

Forte abraço!

 

Assinado:

Denise Aizemberg Steinwurz

Psicanalista

 

 

Referências bibliográficas da Tese de Arthur Blade:

– FREUD, Sigmund. Arte, Literatura e os Artistas – São Paulo: Editora Autêntica.
– IBPC – Material Didático da Formação em Psicanálise Clínica – Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica
– FOUCAULT, Michel. A história da loucura na idade clássica; São Paulo: Editora Perspectiva,1972.
– HAUSER, Arnold; História Social da Literatura e da Arte; São Paulo: Ed. Mestre Jou
– GOMBRICH, E.H.; História da Arte; São Paulo: Círculo de Livro S.A.
– READ, Herbert; O Sentido da Arte; São Paulo: Ed. Ibrasa, 1978
– WÖLFFLIN, Heinrich – Conceitos Fundamentais da História da Arte; São Paulo: Editora Martins Fontes, 1989.